segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

às 9

Às 21, sempre é um horário bom pra qualquer coisa. Acho que é o ponto mais equilibrado, da noite ou da manhã às 9. Às nove da manhã, não é nem muito cedo nem muito tarde, assim como a da noite. Ninguém acorda com sono, e ninguém tá agitado quando sai das 18, 19 e 20 horas. É um horário bom.

Horário bom pra escrever. Pra ligar, pra conversar, no meu caso, cabe o escrever, mas também cabe o ficar sozinho. Cabe dentro do buraco da minha cabeça a reflexão.

E é sobre tudo aquilo que já me aconselharam, é sobre tudo aquilo que todos já sabem o que fazer. Mas por que eu não? Porque eu me deparo e ainda penso, super-penso, suspenso, penso... penso... penso...

Talvez seja uma tentativa de antecipar erros, prever dor, prever alegrias, jogar comigo mesmo. Sendo eu, consciente eu, sentimental eu, objeto de jogo do meu eu, racional eu, (sub) consciente eu.

A verdade é que isso tudo conta uma coisa só, eu sinto falta de algo, algo ainda está vazio, e me incomoda, e não é como se eu escrevesse já pensando no fim dessa questão. Pode-se dizer que o pensamento meu é tão descontínuo, mutável e multiforme agora que para materializar contemplemos uma forma amebóide metamórfica abstrato.

A falta de algo (que eu não sei) é o que me move a preencher. A falta já me passou por dinheiro, por amor, por amizade, não que agora eu tenho isso tudo plenamente, mas os tenho a certo ponto. Talvez sejam as coisas que eu deixei para tê-los. Na ânsia de querer a última coisa que me fez falta, me desfiz das outras coisas que já me fizeram falta. Talvez me sinto mais preso, menos anônimo, mais condicionado, mais à espera, mais junto.

Talvez seja o problema esse.

Por um lado me sinto completo
repleto de sentimento
de bem querer

por outro

me sinto condicionado a uma situação
me sinto condicionado à uma espera
me sinto desistente
me sinto (sendo) carregado

Tenho a impressão de que quanto mais eu permaneço comigo mesmo, mais eu cresço, mas permanecer comigo mesmo é mantendo o que sou eu pra mim, internalizando algumas coisas e regurgitando simpaticamente aqui e ali.

Chego no ponto do conforto, e qualquer mudança me faça sentir falta do conforto condiciona-me a não mudar.

E à agora, o que fazer? São 10 pras 10 e às 22 as coisas começam a desiquilibrar, vem pairando sobre os olhos o pó do sono, vem pairando sobre tudo a conformidade do dia de amanhã.

Hoje eu não quero falar com ninguém,
nem hoje
nem nunca
nas 9 não
às 9 são horas minhas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário